Ter razão não significa estar certo, segundo Schopenhauer


Concluí hoje a obra de Arthur Schopenhauer chamada “38 Estratégias para Vencer Qualquer Debate“.

Não é apenas mais um livro sobre debates. É uma jornada guiada pelas ideias de Schopenhauer, desvendando a complexidade da dialética.

O que me fascinou não foi “a promessa” de vencer argumentações — algo que nem almejo — mas sim a profundidade da compreensão que ele oferece para entender quem utiliza estas estratégias. Você já se viu discutindo com alguém que, mesmo você estando certo, conseguiu provar seu ponto sem esforço, mesmo estando errado? É sobre isso que o livro trata.

Ter razão não é necessariamente estar certo, uma ideia que Schopenhauer critica, direcionando-nos ao objetivo real de sua obra: ensinar-nos a estar preparados para reconhecer tais situações e como agir diante delas. Para mim, é como “defesa pessoal”: você aprende não a atacar, mas a se defender.

Mais do que fazer uma resenha, apresento aqui trechos que falam por si mesmos e, sem dúvida, despertarão o interesse de outros estudiosos como eu:

  • Pág. 15 – Item 5 – “Tendência erradicável de todas as pessoas ao pensamento absoluto, enquanto nossos valores, conceitos e conhecimentos são relativos”;
  • Pág. 19 – “A lógica tem a ver com o conteúdo da argumentação e a dialética, com o convencimento dos demais”;
  • Pág. 37 – “Há dois modos de vencer uma discussão: a) ad rem (foco na questão); b) ad hominem (foco no oponente)”;
  • Pág. 62 – Estratégia 8 – “Desestabilize o oponente: Ao provocar raiva, o oponente perde o equilíbrio e a racionalidade para julgar corretamente e perceber a própria vantagem [se houver]”;
  • Pág. 72 – Estratégia 14 – “Acuando os tímidos: Se o oponente é tímido e o atacante é audacioso e tem boa voz, pode-se conseguir ter razão. Isso pertence à ‘fallacia non causae ut causae’ (ilusão por meio da pressuposição da prova sem prova)”;
  • Pág. 90 – Estratégia 28 – “Ganhe a simpatia da audiência e ridicularize o adversário: Quando não se tem nenhum argumentum ad rem, nem mesmo um ad hominem, então se faz um ad auditores, isto é, uma objeção inválida, cuja falta de validade apenas um especialista consegue ver: o oponente, mas não a plateia. Em especial quando a objeção à afirmação dele é tratada como algo ridículo. As pessoas estão prontas para rir, e temos o riso como nosso aliado”;
  • Pág. 126 – Apêndice II – “Quando A percebe que os pensamentos de B sobre o mesmo assunto se distanciam dos seus, ele não reavalia primeiro seus próprios pensamentos para encontrar os erros, mas pressupõe que o erro esteja no pensamento alheio. Ou seja, o ser humano é arrogante por natureza”.

Depois desses trechos, reconheceu colegas, parceiros de trabalho, políticos ou famosos? Se sim, você viu apenas pela fechadura da porta. Há muito mais no livro. Recomendo a leitura!

Esteja preparado para interpretar, afinal, estamos falando de um livro cuja primeira edição foi criada em 1831.

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